31.5.07


Pizza. Coca-light. Psicanálise. Mitos. Gregos. Sonhos. Filosofia. Arquétipos. Astrologia. Cinema. Sobremesa dividida em três. Mulheres. Amigas.

30.5.07

Por aqui ando pirando com Tecnomacumba, que é uma grande gira. Nossa, que coisa boa, Oxalá.
E segunda-feira foi dia de reparar em pessoas.
Então eu comecei por observar a gentileza do cobrador de ônibus, logo cedo. Bom dia, moça. E eu prefiro tanto que me chamem de moça ao invés de senhora, então já adorei, bom dia pro senhor também. E o cobrador parecia meu ex-sogro, pai do primeiro namorado. Nordestino, magro, Severino. Severino mesmo o nome dele, e toda vez que eu falava oi, Seu Severino, tudo bem? toda vez mesmo eu me lembrava do Severino de João Cabral. E o cobrador me fez lembrar Seu Severino e João Cabral assim logo cedo, bom dia.
Depois eu fui reparando em muitas caras naquele centro dessa cidade tão doida e tão cheia. E fiquei pensando em quantos nomes, e quantas histórias, e quantos dramas, e quantos amores, e quantas alegrias e quantas dores. Que é gente demais diluída em tanta gente mais. Mas cada uma um universo, e isso é incrível. Milhares e milhares de universos caminhando.
Aí teve a moça-senhora-depiladora. Nordestina também, dona Leonor. Que se eu não lembrar o nome dela da próxima vez devo procurar pela “baixinha”. Dona Leonor é baixinha, branca, olhos pretos com lápis azul. Bonita, a baixinha. E toda cheia de dedos, com medo de me machucar. Na hora de puxar a cera falou olha, vou puxar rapidinho tudo de uma vez que é pra doer de uma vez só. Então tá, dona Leonor, puxe tudo de uma vez. E depois ela colocou tanto talco, pra ser simpática, que me fez espirrar até chegar em casa. Uma fofa, dona Leonor.
Mas como tudo nessa vida tem volta, então na hora em que eu tava comendo meu sanduíche na lanchonete, tinha um moço muito do elegante na minha frente, que não teve, coitado, como não me observar. Porque quanto mais eu percebia que o homem era um lord, mais eu fazia comer feito uma boçal. E era tomate que pulava do sanduíche, alface que queria sair todo quando eu mordia, e a maionese claro que escapuliu e foi parar certeira na minha calça, mas não sem antes sujar também meus dedos. E quanto mais eu me dava conta de que o homi era fino, e comia assim tão direitinho aquele sanduíche sem deixar nada escapulir, mais eu me confundia com o guardanapo, a ponto de conseguir sujar o próprio nariz. E aí o moço levantou, e pra não deixar dúvida do quanto tinha reparado na minha boçalidade, me desejou um singelo boa noite.

25.5.07


“o que sobe e desce
é meu sangue quente
de te esperar, de te imaginar
tocando o interfone
dizendo a música do seu nome
e que eu tenha forças
pra chegar até a porta
morta de felicidade
de felicidade torta...”
(Lucina e Zélia Duncan, na voz de Bêlo Veloso)

24.5.07

"quem é o cavaleiro
que vem de aruanda?
é oxossi em seu cavalo
com seu chapeú de banda"

Uma dor de garganta que eu tou. Até febre tive essa noite. E essa é a parte chata de morar sozinha, ficar doente.
Há muito tempo eu não tinha febre. Um dia achei que tava com febre lá em Moçambique, e liguei pra minha mãe, e meu pai achou que era malária. Toda e qualquer coisa e meu pai já achava que eu tava com malária.
Agora, isso de dor de garganta e febre é muito coisa de infância, né? Não que eu não tenha tido mil vezes na vida adulta, mas sempre lembro de quando era criança. E por falar em coisas de antigamente, ontem tava procurando um arquivo num dos meus backups e acabei abrindo um diário de 2004*. E, nossa. Quanta coisa eu já fiz na vida. Tipo um trabalho que eu fiz em Guaianazes. Você, aí da poltrona, sabe onde fica isso? E Itaim Paulista?
Puxa vida, às vezes eu ainda me surpreendo comigo. Desse tempo em que eu tinha toda essa energia e essa utopia, e achava mesmo que ia mudar o mundo. Não que eu ainda não ache, às vezes, veja bem. Nesse tempo eu tinha muita dor de garganta, de tanto que eu falava e falava nesse monte de projetos sociais, praquele mundaréu de gente.
E por falar em mundo que precisa ser muito mudado, ontem rolou pancadaria na manifestação dos professores ou eu tou vendo pêlo em ovo? Porque me lembro perfeitamente de quando eu estava numa dessas manifestações e a tropa de choque foi mandada, pelo excelentíssimo governador Má*rio, aquele, para “barrar” os professores. Eu era uma professora de 19 anos, e essa é mais uma das coisas que já fiz nessa vida.
Minha mãe me contou que passou na Paulista e a manifestação tava rolando, a polícia não tinha partido pra cima ainda. E ela me contando que sentiu uma compaixão tão grande por eles todos lá, reivindicando o direito de serem professores, naquele frio, naquela chuva. Ela me contou que a voz do moço no microfone estava tão cansada e desamparada. E eu achei tão bonito ela ter notado isso.

*e não é que eu esqueci a senha do diário antes-de-moçambique? doida.
** e eu tou gostando tanto do cd tecnomacumba, viu? é o novo da rita ribeiro.

21.5.07


Uma coisa que eu ainda não contei procês é que os enjôos todos lá em Moçambique fizeram com que eu emagrecesse um bocadinho. Que em termos de dígitos na balança, eu nem achava que era tanto assim. Mas, nossa. Em termos de todas as calças que não-passavam-nem-nas-pernas e hoje eu vesti e fechei o zíper. Nossa. Ceis não imaginam como eu emagreci.

E aí agora eu tenho várias calças de novo. Que pra Moçambique, calça jeans levei duas só, não tinha mais mesmo. E levei uma calça que não servia, porque, ora ora, vamos fazer volume na mala, né? E levei também a ex-calça-termômetro, aquela que, apertada, era sinal de que engordei. E que agora parece um saco frouxo.

E ter várias calças de novo me faz pensar, caceta, como eu tenho roupa, pra que tanta. E nem gosto de muitas delas. Mas isso é assunto pra outro post, vamos manter o foco.

Você, amiga dona-de-casa, que acompanhou todo o meu drama ai como eu sou gorda, imagina que não me caibo de felicidade, né? E até penso que posso rever aquela meta de voltar ao peso de quando eu era uma vareta (sim, minha gente. podem não acreditar e eu entendo porquê, mas esse dia existiu, num tempo nem tão remoto assim), que tou me sentindo bem, acho que pouca coisa a menos e fico muito que bem mesmo.

Agora eu vou correr pra ver se pego o show da Ná. Que por quatro reais é pouquíssimo provável que ainda tenha ingresso, mas vamô lá. De calça velha que virou nova, hohoho.

20.5.07

Então você acorda sem voz, de tanto gritar no karaokê. Porque, do alto de sua pretensão de aprendiz de Elis, a pessoa nunca gostou de karaokê, aquela gritaria, esse povo que não sabe cantar. Até o dia em que vai com as amigas e grita, muito. E adoura.
Agora tou meio ressacosa e ainda com sono. Que tou virando um urso. Vou voltar pro colchão novo, no domingón friozinho. Ui. Dilíça.
*o detalhe é que tinha um painel, onde tava escrito assim: cada música 2,00. por favor, não gritem. não gritar no karaokê. pois é, pois é.

13.5.07

"Brigou com o filho, deu um passa-fora no marido,
despediu a empregada, jurou ódio mortal à melhor amiga
e correu à janela para se jogar.
Nesse exato momento sentiu um molhadinho entre as pernas,
rumou para o banheiro e não deu outra: menstruada!
Ufa. Tudo superado. Era só TPM"
Sonia Hisch.
Pois é, ainda bem que o molhadinho uma hora chega. E costuma ser antes da gente se jogar da janela, felizmente. Mas nesse ínterim. Meu-deus-do-céu. Só quem tem um endométrio é que sabe.
Porque eu acho que tem gente que não acredita. Que dois dias antes de menstruar, a mulher parece que fica possuída. Claro que não são todas, felizmente. Porque eu mesma não tinha muito disso não, eram só cólicas homéricas mesmo. Mas de uns tempos pra cá. Cruzes.
E esse mês o mal-estar foi suficiente preu decidir enfrentar o caso. E me matricular na yoga (já vi tudo, falta só levar um bendito de um atestado de aptidão). E seguir os conselhos da Sonia Hirsch, e ficar de olho na alimentação (veja bem, ela diz que chocolate piora a coisa, minha gente). E dar uma colher de chá pra minha médica, que acha que o anticoncepcional pode ajudar muito, regulando meu ciclo enlouquecido e etc. e tal.
Porque ninguém pode viver assim, né? Questão de saúde pública mesmo, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Aí hoje, depois do almoço de dia das mães, rolou por aqui um day-spa. Auto massagem nos pés com um creminho massa que descobri, tinta e banho de creme no cabelo, meio-que-uma-limpeza de pele e depilação. Porque eu mesma me depilo no dia em que estou com cólica, afinal o interessante nos seres humanos são suas peculiaridades, não é mesmo?
E hoje também comecei a ler "F*reud Pensa*dor da Cultura". No estilo vou ler o que eu quero e não o que sou obrigada, coisa que quero fazer desde a época da faculdade e nunca consigo. Aí abro o livro e reparo que tem uma dedicatória do autor. Pois é, no livro que comprei no sebo. Das vantagens de um livro usado, né? Mas acho que eu não ia gostar de saber que meu livro por mim mesma dedicado para outrem foi parar num sebo não.

8.5.07

Clica e vai

Ah. Olha só: e-s-s-a é a foto mais legal tirada no dia 05 de maio. No mundo. E e-s-s-a, a segunda mais legal. Eu acho.
"não vê?
tá na cara
sou porta bandeira
de mim"
Então você pode calçar um tênis ao invés de um scarpin, no dia em que seu saco está mais do que cheio. Você pode, mas calça o scarpin, porque além do saco cheio, seu pé tem que doer. Afinal, azucrinação pouca é bobagem.
Aí a ladainha é a mesma. Eu odeio me sentir desrespeitada E explorada e blablablá. E eu podia falar sobre isso por horas a fio, porque se tem um assunto que dá pano pra manga no meu mundo é esse. O quanto eu odeio me sentir desrespeitada como cidadã, como mulher, como ser humano, como profissional, como isso-mais-aquilo tudo que cêis puderem imaginar mesmo. Odeio, e isso me dá nos nervos, e muitas vezes eu brigo e esbravejo, em outras eu só fico vermelha, espumando, e em outras, como hoje, eu choro. E quando choro*, boa parte passa.
E eu até ia falar aqui sobre um dos motivos principais de tanta irritação, que é uma pessoa. Porque eu escrevi mil posts mentais sobre o dito cujo hoje. Mas no fim das contas, sendo quem é, não merece o cartaz de aparecer assim, com destaque, aqui no meu espaço. Então deixa o exu pra lá.
Porque vale muito mais a pena falar de quem me ouve. E se dispõe a falar comigo quando já tá morrendo de sono. E ainda pergunta se eu quero conversar. E ouve, além das minhas reclamações, o monte de coisas juntas e atrapalhadas que eu falo. E ri do meu jeito de dispersar e não ouvir o que ele responde. E atura minhas manhas e meus silêncios. E minhas mil perguntas. E ainda pergunta se eu tenho motivo pra sentir saudade. Ora, ora. Só se eu fosse boba ou cega ou surda que não teria.
E no fim, consegui me obrigar a ir a locadora e à padaria. E consegui falar um boa noite carinhoso para a atendente, que tava com uma cara tão triste. Que deve ser muito explorada também. Bem mais até, né? Enfim. Aí peguei um filminho que vou ver daqui a pouco, torcendo pra cochilar no meio e depois cair num sono profundo. Que o que eu quero hoje, mesmo, é dormir.
*É claro que chorar também tem a ver com a tpm, né? C-l-a-r-o.

6.5.07


"no compasso do samba
eu disfarço o cansaço
joana debaixo do braço
carregadinha de amor..."

Coisa boa nessa vida é licor, né? Adouro. Aí aproveito que parei com o antibiótico (que não adiantou p. nenhuma, pelo que vejo), pra poder me entorpecer. E por falar nisso, acho que tou precisando mesmo beber um pouco, visse?
Que ando meio puta da vida com algumas cositas. Alternando momentos de muita putisse com momentos mais civilizados. Mas no geral, pensando, muito, sobre o que eu não quero. Sobre coisas que não há dinheiro nesse mundo que pague. E essas baboseiras todas.
Porque eu acho que dá pra fazer diferente um monte de coisas. Ah, e como dá. E eu tenho aquela velha mania de não querer me submeter, né? Não me submeter ao que eu acho que não tá certo. E que são as minhas mini certezas, minhas pequenas verdades. Mas são minhas, ué.
E fazer o quê, se eu sou assim? E preciso mesmo saber quais são as batalhas fundamentais, porque se deixar eu vou brigando com deus-e-todo-mundo mesmo. Até entrei na comunidade "vamos resolver no braço", que é pra não ter dúvida. Que esse meu ascendente em escorpião ainda me põe em maus lençóis...
Falar nisso, ando com vontade de fazer mapa astral de novo. E tem todo um lado subjetivo aflorando aqui dentro d'eu, e eu vou gostando disso, até. Acho que vou crescendo, e deixando o que é meu ser mesmo. Umas outras coisas também, bem mais legais até, que eu tou gostando muito mesmo.

* e eu tou aqui curtindo o "noites de gala, samba de rua". curtindo muito uma música que chama bom tempo. anota aí pra ouvir, que vale a pena.

4.5.07

Então eu tenho reparado nos absurdos cometidos pelos motoristas de táxi aqui na Paulicéia.
O que significa que um motorista de táxi atender ao celular enquanto conduz é considerado, aqui no meu planeta, uma falha gravíssima. Preencher o boleto da fatura enquanto dirige, é igualmente falha grave. Não saber como chegar a uma rua super conhecida do centro da cidade, faça-me o favor, é uó.
Agora, me contar que comprou uma peça do carro num desmanche, porque é muito mais barato. Bem. Aí entra na caixinha: quando você acha que nada pode ser mais absurdo...