25.8.07

"e entre o meu ir e o do sol
um aro, um elo"

E hoje olhando para a minha estante, senti vontade de ler logo tudo de novo. Tudo de novo aquilo que eu já li, né? Que tem pra mais de metro de coisa que eu nunca nem passei os olhos.
Mas por enquanto estou lendo Mulheres que correm com os lobos. Indico fortemente para todo mundo. E me pergunto: seria eu a mulher ou o lobo? Modesta, com certeza.
Não sei por que que eu nunca mais tinha lido na sala, à tarde, sol entrando pela janela aberta. Acho que é o caso de anotar esses pequenos prazeres. Que agora deu vontade de ser de tarde de novo preu poder ler na sala, sentada na poltrona, pernas sobre o puf verde.

23.8.07

"Veio num sonho, certa noite. Ela o amava. Ele a amava também. E ainda que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo. Dormiam juntos, no sonho, porque era bom para um e para outro estarem assim juntos, naquele outro espaço. Não vinha nada de fora, nem ninguém. Deitada nua no ombro também nu dele, não havia fatos. Dormiam juntos, apenas. Isso era limpo e nítido no sonho que ela sonhou aquela noite".
Caio Fernando Abreu.

20.8.07

Mucho más grave

Todas las parcelas de mi vida tienen algo tuyo
eso en verdad no es nada extraordinario
vos lo sabes tan objetivamente como yo.
Sin embargo hay algo que quisiera aclararte,
Cuando digo todas las parcelas,
no me refiero solo a esto de ahora,
a esto de esperarte y aleluya encontrarte,
Y carajo perderte,
Y volverte a encontrar,
Y ojala nada mas.

No me refiero a que de pronto digas, voy a llorar
Y yo con un discreto nudo en la garganta, bueno llora.
Y que un lindo aguacero invisible nos ampare
Y quizas por eso salga enseguida el sol.
Ni me refiero a solo a que dia tras dia,
aumente el stock de nuestras pequeñas y decisivas complicidades,
o que yo pueda creerme que puedo convertir mis reveses en victorias,
o me hagas el tierno regalo de tu mas reciente desesperacion.

No.
La cosa es muchisimo mas grave.
Cuando digo todas las parcelas
Quiero decir que ademas de ese dulce cataclismo,
tambien estas reescribiendo mi infancia,
esa edad en que uno dice cosas adultas y solemnes
y los solemnes adultos las celebran,
y vos en cambio sabes que eso no sirve.
Quiero decir que estas rearmando mi adolescencia,
ese tiempo en que fui un viejo cargado de recelos,
y vos sabes en cambio extraer de ese paramo,
mi germen de alegria y regarlo mirandolo.
Quiero decir que estas sacudiendo mi juventud,
ese cantaro que nadie tomó nunca en sus manos,
esa sombra que nadie arrimo a su sombra,
y vos en cambio sabes estremecerla
hasta que empiecen a caer las hojas secas,
y quede la armazon de mi verdad sin proezas.
Quiero decir que estas abrazando mi madurez
esta mezcla de estupor y experiencia,
este extraño confin de angustia y nieve,
esta bujia que ilumina la muerte,
este precipicio de la pobre vida.
Como ves es mas grave,
Muchisimo mas grave,
Porque con estas o con otras palabras,
quiero decir que no sos tan solo,
la querida muchacha que sos,
sino tambien las esplendidas o cutelosas mujeres
que quise o quiero.

Por que gracias a vos he descubierto,
(diras que ya era hora y con razon),
que el amor es una bahia linda y generosa,
que se ilumina y se oscurece,
según venga la vida,
una bahia donde los barcos llegan y se van,
llegan con pajaros y augurios,
y se van con sirenas y nubarrones.
Una bahia linda y generosa,
Donde los barcos llegan y se van
Pero vos,
Por favor,
No te vayas.

Mucho más grave - Mario Benedetti

14.8.07

Tá tudo meio estranho aqui. O som do computador parece que tá meio gripado. E trava tudo, toda hora. Parece que computador e eu é uma difícil relação mesmo.
Queria postar alguma coisa mas o sono fala mais alto. Boa noite, minha gente.

10.8.07

ele vem chegando. e eu, feliz, vou esperando.

8.8.07

"na minha cidade tem poetas
que chegam sem tambores nem trombetas
e sempre aparecem quando menos aguardados
guardados entre livros e sapatos"


Então nos momentos em que estou assim, cansada, estressada, e tendo faltado na minha primeira aula de canto, logo na primeira, eu fico com vontade de sair correndo pro meio do mato. Ando precisando tanto viajar, tanto tanto. Eu quero uma casa no campo, e blablablá.
Bastante novidade na vida esse lance de empresa, né? Depois de anos envolvida em mestrado. E por falar em mestrado, preciso escrever o artigo da minha dissertação. E provavelmente vou ter que fazer isso de final de semana. Coisa que "adoro", e não me livro nunca. Trabalhar aos finais de semana.
Além disso, tenho que aprender a dizer não na firma. Que fazer dois relatórios, poxa. Um que não domino, absolutamente. Caceta. Por que eu aceitei isso?
E não quero ficar trabalhando só em firma não. Quero voltar a ler, começar a pensar no doutorado. Nem sei se preciso mesmo pensar nisso agora. Não sei se preciso ter pressa com isso do doutorado, às vezes parece que não. Eu queria ler literatura, né? Tinha umas histórias assim. Não prestar no susto de novo. Mas olha, é sempre tentador ligar pro G. e dizer pra ele que quero voltar correndo pro quentinho. Que depois fica gelado. Mas enfim. É sempre assim, esquenta e gela, né? Sempre sempre. E esse post tá bem doidinho, bem coerente com a minha pessoa no dia de hoje, yeah.

7.8.07




"Pele é uma coisa misteriosa. A pessoa é educada, inteligente, doce, tem um papo legal, mas não tem, digamos, "aquela coisa". É a pele, o cheiro, sabe-se lá o quê, mas que fascina, que só de chegar perto a gente fica agitada, só de sentir o cheiro o corpo fica pedindo, só de encostar... Essa história de que se aprende a amar pode até ser... Mas jamais conheci ninguém que aprendeu a sentir tesão.
O ar fica tomado. O corpo fica pedindo o toque, as mãos.
Gosto também é misterioso. Gosto de beijo é inconfundível. Você beija e o mais gostoso é a língua? Bobagem. O mais gostoso é o gosto. Aquele gosto que você conhece. Aquele gosto de quem sabe que o tesão está tomando o ar.
Às vezes a gente precisa mesmo de pele. Noutras, é só a alma que precisa de cuidados. Mas o bacana mesmo, "o amor que vinga", como dizia minha avó, é o que consegue exigir que a alma precise sempre da pele. Sempre."
Raquel Lemos, no Livro da Tribo

6.8.07


"quando o cansaço era rio
e rio qualquer dava pé
e a cabeça rodava
num gira-gira de amor"


Dessa vez eu até desliguei o MP3, pra não me distrair muito no mercado. Mas teve jeito não. Tenho que seguir minha rotina, e fazer as compras no domingo de manhã, no mercado que já sei onde fica tudo, e sei o preço das coisas, e é pequeno e eu só fico de saco um pouco cheio.
E hipermercado existe pra ser desconfortável, né? Aquele monte de prateleiras. Variedade nenhuma. As pessoas batendo seus carrinhos uma nas outras. E a fila do caixa, que é sempre enorme. Queria poder pular essa parte.
Mas amanhã e depois eu vou trabalhar em casa. O que não tem nada a ver com assunto, eu sei. E agora vou ler meu livro-presente-de-aniversário. Que também não tem nada a ver com nada, mas é só pra não deixar o post tão mal humorado.

3.8.07

"voz e vento apenas
das coisas do lá fora
e sozinha, supor
que se estivesses dentro
essa voz importante, esse vento
das ramagens de fora
eu jamais ouviria..."

Então que não se caminha um caminho desejado sem aceitar caminhá-lo, de fato.
E hoje rolou um revertériozinho. Efeito do colapso da cidade? E eu com cada vez mais preguiça de enfrentar a cidade, querendo fugas, as pequenas. Preguiça da caminhada matinal do sábado na Paulista. Preguiça de tanta gente. Às vezes acontece.
Ansiosa com o início das aulas de canto essa semana. Traquila já com o trabalho que atazanou um bocado. Que é sempre assim, atazana só enquanto eu não saco qualé.
Bem pouco azucrinada comigo mesma. Que é coisa a perseguir mesmo, largar a autoazucrinação.
Só um tanto remexida com um esse revertério, essa coisa esquisita de umas dores e uns enjôos.
O lustre do quarto ficou bacana, e dá vontade de arrumar outras coisas na casa. Amanhã, quem sabe.

2.8.07

Os factos só são verdadeiros
Depois de serem inventados
Mia Couto

1.8.07


Vinte e oito reduzido dá um (2+8=10/1+0=1). Que no tarô é o mago, o primeiro arcano: o início de uma viagem, o começo de um ciclo. Então, um bom começo pra mim, aos 28 anos!