12.11.06

Quanta


Essa semana eu queria um cd alto astral. Pensei logo no Gil, e peguei Quanta, um cd que eu comprei há pouco tempo e ainda precisava descobrir. E que feliz descoberta!
Além das músicas que eu já conhecia, uma me chamou a atenção e conquistou. Chama "Dança de Shiva". Como o título diz, a música convida a dançar, uma delícia.
Fiquei ouvindo também "Guerra Santa" e lembrando o quanto eu gostei dessa música quando foi lançada. Mas então é preciso contextualizar. Para quem não sabe ou não lembra, em 1996, acho, houve um evento com o bispo daquela igreja un*iversal, uma coisa de chutar a santa e etc. Então o Gil fez essa música ótima, falando da intolerância religiosa. Hoje eu acho que naquela época rolava comigo o iníciozinho do meu processo de elaborações sobre o que eu acho do mundo, da religião, etc e tal. Eu tinha uns dezesseis anos, acho. E essa música falou muito comigo, eu ficava cantando como quem repete: "também acho, Gil, também acho!".
Essa música tem um verso muito lindo e especial, no qual ele diz:

"um vende limões, o outro vende o peixe que quer
o nome de deus pode ser oxalá, jeová, tupã, jesus, maomé
maomé, jesus, tupã, jeová, oxalá e tantos mais
sons diferentes, sim, para sonhos iguais"

E eu pirava nesse verso. Porque, nossa, é isso mesmo, eu pensava. As pessoas procuram deuses diferentes, mas no fundo, muitos sonhos não são iguais?
Aí que o tempo passou, eu fiz faculdade e achei que tinha me tornado uma pessoa materialista. O que é um pouco verdade. Não acredito em nenhum desses deuses. Mas ouvindo outra música desse cd, "Graça Divina", uma complementação dessa idéia me pegou. Gil diz assim:

"graça divina no dom que a retina tem, de reter a cor
graça divina no dom que a aspirina tem, de aspirar a dor
a eficácia que a graça divina tem
um pé na farmácia outro no amor...".

Então eu continuo atéia. E vendo uma graça tão bonita no humano. Quanta coisa ainda para ver.
E eu acho que essa sensação de complementação perpassa todo o cd. Uma música emendando em outra. Pareceu-me uma longa conversa com o Gil. Ele cantando/contando, e eu sacando. Porque tem a primeira faixa, que dá nome ao disco, e é cantada com o Milton, diz assim, tão bonito:

"arte de criar o saber
arte, descoberta, invenção
theoría em grego quer dizer
o ser em contemplação"

Além, ainda tem a famosa “Pela Internet”, tão apropriada ao nosso mundo blog. Essa me lembra o Hollywood Rock de 1996, no Pacaembu, meu primeiro mega show. Merece um post, na íntegra. Em seguida.

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