30.5.07

Por aqui ando pirando com Tecnomacumba, que é uma grande gira. Nossa, que coisa boa, Oxalá.
E segunda-feira foi dia de reparar em pessoas.
Então eu comecei por observar a gentileza do cobrador de ônibus, logo cedo. Bom dia, moça. E eu prefiro tanto que me chamem de moça ao invés de senhora, então já adorei, bom dia pro senhor também. E o cobrador parecia meu ex-sogro, pai do primeiro namorado. Nordestino, magro, Severino. Severino mesmo o nome dele, e toda vez que eu falava oi, Seu Severino, tudo bem? toda vez mesmo eu me lembrava do Severino de João Cabral. E o cobrador me fez lembrar Seu Severino e João Cabral assim logo cedo, bom dia.
Depois eu fui reparando em muitas caras naquele centro dessa cidade tão doida e tão cheia. E fiquei pensando em quantos nomes, e quantas histórias, e quantos dramas, e quantos amores, e quantas alegrias e quantas dores. Que é gente demais diluída em tanta gente mais. Mas cada uma um universo, e isso é incrível. Milhares e milhares de universos caminhando.
Aí teve a moça-senhora-depiladora. Nordestina também, dona Leonor. Que se eu não lembrar o nome dela da próxima vez devo procurar pela “baixinha”. Dona Leonor é baixinha, branca, olhos pretos com lápis azul. Bonita, a baixinha. E toda cheia de dedos, com medo de me machucar. Na hora de puxar a cera falou olha, vou puxar rapidinho tudo de uma vez que é pra doer de uma vez só. Então tá, dona Leonor, puxe tudo de uma vez. E depois ela colocou tanto talco, pra ser simpática, que me fez espirrar até chegar em casa. Uma fofa, dona Leonor.
Mas como tudo nessa vida tem volta, então na hora em que eu tava comendo meu sanduíche na lanchonete, tinha um moço muito do elegante na minha frente, que não teve, coitado, como não me observar. Porque quanto mais eu percebia que o homem era um lord, mais eu fazia comer feito uma boçal. E era tomate que pulava do sanduíche, alface que queria sair todo quando eu mordia, e a maionese claro que escapuliu e foi parar certeira na minha calça, mas não sem antes sujar também meus dedos. E quanto mais eu me dava conta de que o homi era fino, e comia assim tão direitinho aquele sanduíche sem deixar nada escapulir, mais eu me confundia com o guardanapo, a ponto de conseguir sujar o próprio nariz. E aí o moço levantou, e pra não deixar dúvida do quanto tinha reparado na minha boçalidade, me desejou um singelo boa noite.

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