"Pele é uma coisa misteriosa. A pessoa é educada, inteligente, doce, tem um papo legal, mas não tem, digamos, "aquela coisa". É a pele, o cheiro, sabe-se lá o quê, mas que fascina, que só de chegar perto a gente fica agitada, só de sentir o cheiro o corpo fica pedindo, só de encostar... Essa história de que se aprende a amar pode até ser... Mas jamais conheci ninguém que aprendeu a sentir tesão. O ar fica tomado. O corpo fica pedindo o toque, as mãos.
Gosto também é misterioso. Gosto de beijo é inconfundível. Você beija e o mais gostoso é a língua? Bobagem. O mais gostoso é o gosto. Aquele gosto que você conhece. Aquele gosto de quem sabe que o tesão está tomando o ar. Às vezes a gente precisa mesmo de pele. Noutras, é só a alma que precisa de cuidados. Mas o bacana mesmo, "o amor que vinga", como dizia minha avó, é o que consegue exigir que a alma precise sempre da pele. Sempre."
Raquel Lemos, no Livro da Tribo
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