17.12.07

"sei que além das cortinas
são palcos azuis
e infinitas cortinas
com palcos átras..."

Então as coisas acontecem assim por aqui: hoje trabalhei normalmente, como qualquer outro dia. Entrevista cansativa, pepinos básicos para serem resolvidos, essas coisas cotidianas. E um telefonema quando estava indo de uma entrevista para outra. Então meu ombro começou a doer muito, e eu meio que sem entender, cansaço, muito trabalho, o que é? O telefonema, claro.
Porque o trabalho me estressa, mas passa. O que me dói o ombro e pesa em mim mesmo é essa minha mania de achar que sou mãe da minha família. Minha irmã ligou pedindo ajuda com umas coisas que ela não consegue pagar. E eu não tenho como ajudar, terei gastos e mais gastos nos próximos meses. Mas imediatamente fiquei me sentindo mal, com dor, pesada. Cheguei até a quase me sentir mal porque vou gastar mais do que ela precisa para viajar. E eu sei, eu sei. Está errado. Eu sei também que se pudesse ajudava. Que se puder, se fizer alguma das minhas ginásticas, ainda vou ajudar. Mas acho legal reparar nesses meus mecanismos. Legal ter percebido logo o que me pesa o ombro. Essas coisas que é sempre bom a gente saber, né? E é legal também pra perceber que cada vez mais tenho conseguido viver minha vida: fazia tempo que não sentia essas dores. E claro que não há nenhum problema em ajudar minha irmã. Problema é eu achar que sou obrigada a isso, que sou mãe dela. Então me dando conta dessas cositas eu acho que vou dando largos passos em direção a mim mesma, é isso é bom.
Porque comigo está tudo tão bem. Eu estou bem, mesmo. Vou terminar esse trabalho difícil numa boa. Tendo aprendido uma porção coisas boas. Com idéias de doutorado, de trabalho, de futuro. Cheia de coisa na cabeça. Cheia de gostar profundo no coração. E com vontade de aprender, mais e mais, sobre mim. Para que, se não tiver como o ombro não doer, eu pelo menos saiba colocar cada coisa na sua caixinha. Acho que é assim.

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