31.8.06

Faz frio em São Paulo. E eu gosto.
Acho que tudo o que eu preciso, mesmo, é fazer uma viagem, ver o mar. Preciso ir ao Rio de Janeiro. Necessidade física.
Porque eu combinei comigo que durante essa semana ia descansar. Assistir todos os filmes que quissesse, no cinema e na tv. Óquei, isso eu até consegui, cinco filmes em quatro dias. Mas a questão é que eu não descanso a cabeça. Fica martelando culpa: tenho que escrever um artigo, tenho um relatório atrasado, tenho que procurar trabalhos, minha conta está no vermelho. Detesto quando não consigo desligar e isso tem sido, assim, recorrente.
No mais, ontem revi Melinda e Melinda. E fiquei me perguntando se na vida, muitas vezes, tudo não passa mesmo de uma questão de ponto de vista.

XÔ!


Aderindo à campanha.

29.8.06

Estamira


Hoje finalmente assisti Estamira.
Duas coisas eu posso dizer, de imediato.
Primeiro a fotografia. Acho que é a fotografia que abala antes de mais nada. No início, as imagens do lixão são feitas num P&B granulado, uma imagem opressiva, a imagem do lixo, o lixo que produzimos, produzimos, produzimos...
Depois, as imagens da própria personagem, o rosto, as rugas, as unhas, o corpo machucado pela história de vida, como se ficassem marcadas no corpo todas as experiências violentas pelas quais ela passou. Como se ficasse? Fica.
E como não refletir o feminino, ao assitir Estamira? Pensei no quanto a mulher carrega no corpo as suas marcas. Sente no corpo, é violentada no corpo. A violência que a personagem sofre é uma "versão" brutal da violência pela qual passam muitas e muitas mulheres diariamente. O estupro é a versão brutal daquela conhecida violência cotidiana, nos ônibus, no metrô, nas ruas, quando alguns homens insistem em mostrar o quanto podem ser covardes.
Ao mesmo tempo, com tantas marcas, a personagem tem uns flashs de lucidez incríveis, sobre o trabalho que não deve ser sacrifício, sobre o deus que ela nega, sobre o mundo ao contrário. Um filme e tanto, minha gente.
Falta fazer a menção merecida ao trabalho de direção e de toda a equipe, porque, sinceramente, filmar num lixão não deve ser mole.

De berço

Uma amiga conta que entrevistou uma pessoa que era líder comunitário desde criança. A outra amiga retruca: devia reivindicar mamadeiras quentinhas!

28.8.06

Angélica

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
Angélica - Chico Buarque e Miltinho


Então eu finalmente assisti Zuzu Angel. Essa história sempre me emocionou muito. Quando ouvi a música pela primeira vez, chorei de soluçar. Acho incrível essa música, essa coisa que ele canta de "queria agasalhar meu anjo/e deixar seu corpo descansar".
Minha mãe, que assistiu comigo, chorou de soluçar. Acho que além de todo o absurdo, tem a coisa de mãe.
Mas eu não chorei. Achei que fosse me desmanchar em lágrimas, até comentei isso num post dela. Eu não sei bem se o filme não me tocou, ou se eu fico mesmo tão indignada, que nem lágrima rola. Eu sou meio assim, muita raiva, nada de choro. Deve ter sido isso.

ah: eu queria ser estilista quando era criança. a-d-o-r-o tecidos. gostei dessa parte do filme, e das roupas dela, elegantérrimas.

Meio Bossa Nova

Meio bossa nova para falar de música, principalmente brasileira, para falar de política, para falar de mulher, para falar de mim, enfim, para falar de qualquer bossa. Bienvenidas e bienvenidos!