29.4.07


"em todas as mesas pão
flores enfeitando
os caminhos, os vestidos
os destinos e essa canção"


Então na sexta eu comecei a matar a saudade de São Paulo. Porque fui para o trabalho, lá no centrão, e na volta tava um friozinho daqueles, e eu voltei a pé, com todo mundo correndo pra voltar pra casa também. Os paulistanos, suas blusas, sua pressa, suas caras fechadas, avançando o sinal, seja carro ou pedestre. E eu cantando com meu mp3.
Passei no mercadinho pé sujo aqui perto de casa, e vim receber as amigas queridas, nosso tão esperado encontro. E puxa. Que gostoso. Flores e comidinhas e cd com música que virou meu novo perfil no or*kut, e um cartão lindo, com um desenho impagável, além do imã da Frida. Dá pra entender porque eu senti tanta falta delas?
Aí ontem eu fui fazer o que eu mais gosto nesse mundo, que é comprar cd (não, o que eu mais gosto nesse mundo não é comprar cd. isso deve ser a quarta ou quinta coisa). Comprei Mônica Salmaso e Pau Brasil em "Noites de Gala, samba de rua", que acaba de sair do forno, só com músicas do Chico. Ô, minha gente, preciso dizer que é um cd fundamental? Então vamô lá, todo mundo comprando.
Depois rolou cineminha, básico. Naquele cinema em que as cadeiras são numeradas e eu não curto, mas beleza. Era com a musa Juliette Binoche, o que já vale a pena e pronto. E era com as amigas queridas, e depois rolou brownie na Bell*a Paulista, justo e necessário.
E hoje eu finalmente comi arroz, feijão e batata frita. E fiquei tecendo hipóteses com a amiga sobre o doutorado, e como é bom nessa vida a gente ter com quem falar, e nesse assunto eu sou muito da sortuda, porque tenho mesmo.
Agora é arrumar a bagunça sem fim que está essa casa. E assim eu vou voltando.

27.4.07


"é de manhã
vem o sol mas os pingos da chuva
que ontem caíram
ainda estão a brilhar ao vento alegre
que me traz essa canção..."


Pois é, pessoas, cheguei. O que significa que meio-bossa-nova em Moç*mbique está obsoleto, mas eu ainda não sei tirar dali, então calmaê que daqui a pouco sai.
Muito bem, cheguei em casa, e que bom que é chegar em casa. Que bom cantar com a El*is vendo o DVD. Fazer meu chazinho matinal, comer meu arroz integral. Mas a questão é que só tem arroz integral aqui em casa e nada mais. Preciso ir ao mercado, e rola toda uma preguiça gigante mesmo.
Aí além da casa, tem que trabalhar mesmo. E um esquema de empresa que eu acho estranho mesmo, fico meio sem vontade e tals. Chegar e trabalhar devia ser proibido, eu acho.
Chegar e passar horas e horas falando com as amigas. Chegar e ir ao Rio ver a C., subir pra Valença. Isso sim devia ser obrigatório eu fazer.
Mas obrigatório agora é comprar sabonete, papel higiênico, hidratante e tinta pro cabelo. E umas comidinhas, acho bom.
E por hora eu tou por aqui procurando colchão e esteira. Porque tou decidida a comprar uma cama nova, né? Então.
Eu quis trazer esteira de Moçambique. Pessoa com muita noção que eu sou, né? Pois muito bem, claro que isso não foi possível. Mas tem esteira no Brasil, né, minha gente? Tem, claro que tem. Já achei, inclusive. Baratinha, bacana, vou lá ver amanhã, eu acho.
Aí tem o colchão. Que eu preciso comprar também. Mas é caro, visse? E coisa difícil escolher um colchão, que decisão crucial na vida da pessoa, né? Como se eu já não tivesse tanta coisa pra decidir, veja só, agora mais essa, colchão.

24.4.07

Chegar é difícil e é fácil.
É estranho e é familiar.
É confuso e simples.
É para matar saudade
mas ao mesmo tempo
Pra sentir saudade de quem ficou.
Pois chegar e partir
são apenas dois lados da mesma viagem
já disse o Milton e o Brant.

22.4.07

"e eu digo
calma alma minha
calminha
você tem muito o que aprender..."


Então eu vou embora amanhã, mas é c-l-ar-o que ainda tenho um trilhão de coisas pra fazer hoje, né? Claro.
Mas o domingo de ócio era absolutamente justo e necessário, para lembrar a T. E bom mesmo é quando, mais que isso, é gostoso mesmo, né? Pois foi.
Aí na listinha tem e-mails para mandar, computador pra devolver, mala grande pra arrumar. Olhar livro de foto, almoçar na lanchonete e ainda comprar capulana. Que eu nem sei onde enfiar, de tanta coisa que eu já falei que tem, e blablablá. Se eu voltar trago uma mala vazia, hohoho.
E por falar em mala, comprei uma de mão. Que é um cesto grandão, de fazer piquenique, saca? Porque eu tinha que levar um cesto lindo daquele, que aqui cês nem sabem como é barato. E cabe bastante coisa mesmo. Só falta arranjar meios de amarrá-lo, porque, claro, não tem fecho.
E é isso. No mais eu só penso mesmo em arroz com feijão. Que ando muito necessitada, porque nem contei ainda que rolou mais um revertério básico aqui no hotel da comida-mais-gordurosa-do-mundo. Não dou conta, minha gente.
Arroz-e-feijão-e-mandioca-(frita, que deve ser muito bom pro fígado e etc e tals)-bife-e-salada-de-alface-e-suco-de-maracujá. Da mamãe.

já ia me esquecendo. que eu lavei meu cabelo sem condicionador ontem, porque acabou. e tá tudo bem, viu? mais leve e solto, até. existe vida sem condicionador, minha gente. vivendo e aprendendo, né? mas o shampoo tem que ser muito bom, claro!

19.4.07


"todo dia é de viver
para ser o que for
e ser tudo"


E agora a pouco recebi a notícia de que esse fim de semana tem show do R*enato Braz. E eu ando com tanta saudade de show.
Mas a boa nova é que minha passagem foi marcada, finalmente, agora é sério e eu volto na terça, hein?
Então estava eu passeando aqui no site do Ses*c, aquilo que eu faço sempre no fim do mês, de ver todos os shows que vão rolar, pra comprar os ingressos todos de uma vez. Vi que tem show de lançamento do Tec*nomacumba no Pinheiros, amanhã e depois. Duvido que ainda tenha ingresso, mas se tiver, vejam por mim alguém aí. É Rita Ribe*iro, tá?
(e eu realmente queria bloquear meu blog no go*******gle. mas não sei como.)
Aí vi várias coisas, mas tudo depende de saber se eu vou e fico, ou vou e volto, e volto quando e tals. Agora também cabe perguntar se é o caso de ficar se perguntando essas coisas agora, meu-deus-do-céu, não antecipe as coisas, K., minha filha. Querer saber se vai estar no Brasil pra ver show, ah, tenha a santa paciência, né?
É. Mas a questão não é ver os shows, né? Pois é. Até é um pouco, mas não apenas.
Então eu fiquei pensando hoje, e fiz uma lista do que eu não posso esquecer de trazer pra cá caso volte. Essas coisas que dão um post.
Tipo: cd do Itamar Assumpção. Bolsa de água quente. Raízes do Brasil. Chá de artemísia. Ana Cristina César. Pílula. Minha dissertação e aquela outra da Unica*mp. Ponstam. Filme do Truffaut.
E reparem, pela quantidade de coisas associadas, que eu passei o dia com cólica.

18.4.07

Ai, ai. Tou aqui, terminando tabelas. Aí lembrei que ainda tem um outro textinho pra terminar também. Ai, meu saco.
Odeio tabelas, pelo simples fato de não me relacionar bem com elas. Word e eu e nada mais, saca? E word bem báááásico.
Aí tou aqui em Maputo, né? Mas só trabalho, então não vejo a luz da rua. Hoje até vi, porque fui à empresa duas vezes. A primeira pra levar minha passagem. Acho que segunda tou aí, hein, galera?
A segunda vez foi uma reuniãozinha, que eu achava que seria nada, e foi bem nada mesmo, até o finzinho, quando meu chefe resolve me vender como "especialista em pesquisa qualitativa" pra fazer mais um trabalho em Beira. O que significa que agora, além de terminar o trabalho-que-não-tem-fim, ainda tenho que escrever uma proposta desse trabalho que ele vendeu, e do qual eu não faço a mínima. Eu digo e repito, essa vida inédita demais da conta, né? Pois é.
E agora, com rinite num quarto com carpete, cólica, e não aguentando mais comida de hotel, tou aqui, tabela e eu, eu e tabela. A gente se olha e nada, saca?

17.4.07

Então eu tive que mudar de quarto TRÊS vezes desde que cheguei ao hotel aqui de Maputo. Cês imaginam a quantidade de coisas que contêm essas malas? Uma trabalheira sem fim.
E já que tocamos no assunto, vale mencionar que eu trouxe duas malas de roupas. Fui para Beira com uma só, por causa da coisa de excesso de bagagem em vôo doméstico. Passei dois meses com essa uma-mala-só, e poderia muito bem passar assim esses dias que estou aqui em Maputo. Isso sem contar os sapatos todos que eu não usei. Vamos combinar, sendo assim, que não precisava trazer tanta coisa e que agora eu podia não passar pelo perrengue de socar coisas na mala e etc. e tal, pra poder voltar pro Brasil. Vivendo e aprendendo, minha gente, sempre e sempre, né?
E por falar em voltar para o Brasil, liguei pro meu chefe pra conversar sobre esse detalhe, mas ele não podia me atender. Então óquei, né? Meu nome é K., sobrenome Paciência, ao seu dispor.

11.4.07

"Era hora de acordar
Que ainda tinha
Tinha muito que fazer
Melodia pra cantar
Poesia pra viver

Era hora de acordar
Tinha um mundo pra aprender
Tem às vezes que brigar
Pra tristeza não vencer
A vontade de dançar
E a criança pra nascer
Mala grande pra arrumar
Vinho branco pra esquecer"
Sinhazinha -Chico Buarque

vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada. vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada. vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada.
vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada.
vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada.
vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada.
vou-terminar-essa-p.-desse-relatório-essa-madrugada.

Sim, é um mantra. Sim, estou entoando.

10.4.07

Então eu tou aqui esperando a comida chegar. E, olha, a comida demora nesse Hotel Tivol*y, visse?
Ontem rolou um super piti na hora do jantar, tinha muita gente, aquela demora-toda-sem-fim, aí nossa equipe desceu pra jantar e nossa comida veio primeiro que a de todo mundo. Que a gente tá aqui há dois meses passando por isso, alguma compensação há de vir, não é?
Aí uma mulher louca entrou na cozinha para fazer barraco, e eu achei uó, muito deselegante mesmo. Depois ela reclamou com a garçonete, e veja só, a gente já se apegou ao pessoal aqui, e M. disse: C., fica tranquila. Muito fofa essa menina.
Além dessas coisas triviais do cotidiano beirense, tem aquilo de voltar. E voltar significa fazer mala, né? Mas e se não há mala nesse mundo para tanta coisa que eu comprei?
E fazer mala significa que eu vou voltar mesmo, e daqui a pouquinho. Que tem seu lado bacana, de voltar pra casa e comer feijão e pão de queijo e arroz integral. E apertar a Maricota. Mas, por razões silentes, tem também um querer ficar. Ou não querer ir embora, whatever. Essa vida inédita, não é mesmo, minha gente?
Por último, tem o motivo aparente pelo qual vim até aqui, que é escrever os resultados desse trabalho todo. Eu e meu ritmo, que todo mundo conhece. Tamos aí, aquela luta. Então deixa eu voltar para as autoridades tradicionais, as ONG's. E etc. e tal.

7.4.07

Embondeiro de Nova Sofala. By Alexandre.

"pra que me mentir
e fingir que o horizonte
termina ali de fronte
e a fonte acaba aqui?"


Pode ir preparando aquele feijão preto, eu tou voltando.
Sim, sim. Lá pro dia 20 de abril, acho que tou no Brasil. Acho, porque nada, mas nadica mesmo de nada é certo por aqui. Mas enfim, grandes probabilidades e uma intuição.
Aí agora mesmo eu tava sentadinha no corredor do hotel, para ficar perto da placa de internet , e só assim mandar um arquivo anexado para o meu chefe. Porque, veja bem. Não se consegue anexar arquivos do quarto, aqui na internet à lenha. Mas consegui, do corredor. E a cara do garçom, ao me ver sentada no chão? Ah, esses brasileiros...
Bom, as coisas por aqui estão melhores hoje, nem senti mais dor. Mas ontem. Bem, eu quase desmaiei na rua. E você, amiga dona de casa, pode dizer que eu sou a pessoa mais desorientada da cidade da Beira, porque há de ser verdade. Cada hora uma novidadezinha, né?
À noite fiquei meio tonta, zumbido no ouvido, o coração acelerado que só a gota. Tive mil sonhos entrecortados, nem sei bem como foram, mas no geral dormi bem e acordei melhor. Muito por conta da mão estendida de quem nem sei se sabe a fofura que é. Sorte a minha.
No mais, tenho pensado no Brasil, flashs na cabeça. Acho que tou voltando aos poucos, agora mesmo pensei nos amigos almoçando no Mercearia. Pensei em Perdizes, na casa nova da V. . De manhã pensei no Pão de Ló, na T. e na R., e na sessão pipoca que nossas histórias vão promover.
Ao mesmo tempo, claro que eu vou ficar um pouquinho aqui na Beira também. E em Buzi. Nos dias de sol e nos embondeiros de Nova Sofala.

4.4.07


Bem, se o que me resta é sentir dor, além de não conseguir dormir desde ontem, então vamos lá, esse blog que me aguente. Porque a novidade é que eu tou com uma coisa tipo c*istite.
Há uns dois dias eu tava sentindo uma dorzinha tipo cólica, que ontem se intensificou. Aí, de madrugada, comecei a sentir uma baita dor para fazer um mínimo de x*ixi. Uma baita de uma dor mesmo, coisa mais chata desse mundo. Aí ligo para casa, meus pais não estavam em casa. Queria virar pó, tomar uma pílula do chapolim e me teletransportar para o Brasil imediatamente.
Na falta da tal da pílula, liguei para M. que é fofa e ficou falando um pouco comigo. Mas nada de dormir, porque nada de parar de doer, então entrei na internet e fiquei procurando sintomas de c*istite e tal. Até que ficou muito tarde, quase amanhecendo mesmo, e eu finalmente consegui falar mais ou menos com minha mãe. E ela é sempre tranquila nessas horas, disse para eu tomar chá e água e ligar para a minha ginecologista quando amanhecesse lá no Brasil. Talvez tomar um ponst*am pra aliviar a dor, o santo remédio. Meu pai, que nunca é tranquilo nessas horas, mudou de idéia do que tinha me dito há dois dias, e sentenciou que já tá na hora de voltar para casa.
Aí o dia clareou, e eu tomei chá e peguei o carregador do celular, porque além de tudo o bendito tava sem bateria, e eu precisava falar com a gineco por horas e horas e tal. Voltei pro quarto e dormi duas horinhas, acordei e tinha que descobrir o que eu faço com essa dor estranha, num país estranho. Descoberto isso (ir a uma clínica aqui perto, e pegar recibos), liguei para a minha médica, que me disse um monte de coisas. Algumas delas eu preferi desconsiderar, outras eu já tinha lido na internet.
Por fim fui à tal da clínica. Mais uma coisa pro curriculum, experiência de ir a uma clínica por aqui. Lugar bem deprê, viu? E além de tudo a moça me passou na frente de todas as cinco pessoas que aguardavam para serem atendidas, foi bem chato, porque uma mulher reclamou (e com razão). Aí o médico, um ser humano bem estranho, não disse nada com nada e deu a guia de pedido de exame. Volto lá amanhã, pra fazer o dito cujo. As recomendações foram as mesmas da minha mãe, água, chá. Ele disse também pra eu ficar descansando. Mas veja bem. Em que outro lugar eu vou ficar senão nesse quarto, não é? Da cama para o banheiro e tal. Ainda mais tomando tanta água e chá. Nem precisava dizer isso, moço.

3.4.07

Então eu esqueci de contar que agora tenho um flickr. Que só tem uma foto, que já tem no orkut, e talvez nem seja novidade pra ninguém, mas enfim, eu tenho. É esse aqui, ó.
"existem mais mundos
ou altos ou fundos
entre eu e você
existem mais corpos
ou vivos ou mortos
entre eu e você"


Eu às vezes consigo ser bem ridícula. Mas óquei, quem não é?
Ando com saudade do meu blog-diarinho. Fico com a pretensão de contar experiências mirabolantes em África. Mas e todas as experiências mirabolantes internas, não é? Pois é.
Então hoje é um dia que merece uma pausa no relatório pra contar que vivi uma experiência interna, permeada por fatores externos, que foi meio foda.
Eu poderia começar dizendo que já contei o quanto essa sociedade é machista. Mas não posso, porque o que me aconteceu aqui já aconteceu no Brasil, mais de uma vez. Sempre a mesma coisa, um cara com algum poder, que acha que por isso pode te assediar, pegar na tua mão e etc. e tal. Esse é o fator externo, ter que lidar com isso, sempre e sempre. E acho que dispensa dizer que isso não tem nada de legal, não me sinto mais gostosa porque um escroto acha que pode pegar na minha mão e me fazer meia dúzia de "elogios". Acho que me sinto mais gostosa quando passando em frente à cadeia, um preso grita qualquer coisa desse tipo (aconteceu também, hehe).
Mas tem também a experiência interna, que é o que a gente faz com isso.
Porque na hora eu fiquei puta. Muito. E me senti desrespeitada também, muito. Mas agora, contando para a amiga (que milagrosamente apareceu no msn), eu percebi que me senti principalmente vulnerável. Eu não consegui responder à altura, não consegui me defender. E se não fosse o caso de me defender, eu não consegui não me sentir realmente mal com isso e tal.
Pensei que isso tivesse a ver com o monte de coisas juntas que me acontecem por aqui, o tempo que eu tou aqui sozinha, longe de casa e das minhas referências e etc. e tal. Pela primeira vez, detalhe. Mas não sei se é isso não. Pode ser só indignação mesmo, e já acho bem legítimo.